13 dezembro, 2013

O caçador de pipas

Eu sou uma pessoa assumidamente chorona. Choro muito e choro mesmo. Gosto, até. Chorar é a maneira que a alma tem de se lavar. 

Mas raramente choro com os livros que leio. A tristeza que eu absorvo de livros tristes eu, não sei porquê, transformo em um sem fim de reflexões. Fecho o livro e simplesmente me deixo deitada, olhando para o teto, e pensando. Este livro foi exatamente assim. 

Achei o livro absurdamente triste. Do tipo "como é possível tanta desgraça na vida de uma só pessoa?" E amei. Porque amo coisas tristes. Mas, acima de tudo, esse livro me fez pensar bastante em muitas coisas. E ainda hoje, ainda penso. 

Sou assim mesmo: me perco nos meus próprios pensamentos, porque eles têm vida própria. 

A edição que eu li foi uma especial, muito bonita, com ilustrações bem bacanas. Essa aí da figura. Mas as ilustrações não deixaram a história alegre. 

Lição: ainda que todo mundo diga aquela coisa de que águas passadas não movem moinhos, o passado nunca morre. Por mais que você se esconda dele, ele te encontra. E te cobra. e te atormenta. E te causa dor de estômago e insônia. Por mais fundo que você o enterre, ele sempre consegue sair. 

Não me lembro ao certo quando foi que eu li este. São dois amigos, com vidas e características bastante opostas: um, de família bem sucedida financeiramente é cheio de defeitos; o outro, humilde, cheio de qualidades. É um livro longo, mas muito delícia de ler, e cuida, basicamente, de mostrar o tanto de sentimentos que a gente pode abstrair da amizade. 

Lição: a sinceridade nem sempre é uma virtude. Acho que sinceridade e ingenuidade andam bem juntas, e isso faz do sincero uma pessoa sofrida. Porque temos a tendência de acreditar que somos normais, e que as pessoas normais também agem como nós. Mas elas nunca agem. E é bem aí que nos machucamos. 

Num determinado episódio, o menino rico tem a chance de mostrar para o menino pobre que ele também pode ter todas aquelas qualidades que ele vê no outro. Mas não o faz. E se deixa vencer e dominar pelo medo, pela vergonha, pela falta de atitude com a qual sempre levou a sua vida. 

Uma cena muito difícil, que está bem retratada na minha memória, da maneira como eu pintei as cores do livro. E eu não quero ver essa cena num filme dirigido por pessoas que eu não conheço. Prefiro manter as coisas como eu vi. 

Lição: um momento pode mudar para sempre toda uma vida. E até mais que uma. E existe uma expressãozinha maldita que sempre nos atormenta: "e se?". Tudo que fazemos o que não fazemos traz consigo um e se. E se não tivéssemos feito? E se tivéssemos feito? Muita coisa, com certeza, seria diferente. Mas na maioria das vezes, não se pode mudar o momento que já passou. 

O livro tem a guerra do Afeganistão como cenário, mas não é uma história de guerra. Eu, particularmente, não gosto muito de histórias de guerra, mas pode ser porque eu não tenha lido nenhuma realmente boa até agora. 

Lição: redenção. Do dicionário: ato ou efeito de redimir; salvação; resgate; libertação. Bom... eu acredito bastante em tudo isso. Lei do retorno. Então, gostei bastante do livro.

Qualificação: 5 estrelas
Nível de recomendação: se você gosta de histórias tristes, pegue uma caixa de lenços e se joga nesse livro.

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