18 março, 2014

Limiar

Mesmo os últimos dias tendo sido extremamente cheios de trabalho, esse eu li em 5 dias. Mais rápido do que achei que leria. É um livro leve, de leitura fácil, não muito profundo, exatamente o que eu estava precisando depois de ler o Garotas de Vidro

Aquele livro me deixava realmente deprimida... Todas as vezes que ia para o parque e levava aquele livro comigo, era como se estivesse carregando um saco de concreto dentro da bolsa.

Esse foi bem diferente: ele tinha o peso de uma pena. A escrita é quase infantil (não no sentido pejorativo, mas na simplicidade das palavras e frases). Senti falta de metáforas, porque as adoro. Mas realmente foi um bom calmante depois da tormenta.

É narrado por uma garota de 18 anos, morta. É: a menina morta é a personagem principal do livro e a narradora. Não é spoiler: ela morre logo no primeiro capítulo, logo nas primeiras páginas. A história toda é contada por ela depois que ela morreu. Mas não tem absolutamente nada a ver com religião, e convicções espirituais, e essas coisas.

Eu, particularmente, acredito em vida depois da morte, e que as coisas pendentes precisam ser resolvidas, e que a gente tem em vida várias chances de resolver problemas que carregamos por muito tempo, e que na grande maioria das vezes falhamos em resolver esses problemas, o que faz com que tenhamos que voltar, de novo e de novo, para continuar tentando resolver. Acho, ainda, que um dia a gente aprende. Mas quando aprende, sempre tem outra coisa, depois, para aprender também. 

Então para mim acho que a história do livro fez muito mais sentido do que faria para quem não tem essas crenças. De toda forma, é um livro legalzinho porque faz a gente refletir sobre o nosso modo de agir com as pessoas.

A moça morre, e fica "presa" em algum lugar (que não é nem o céu e nem a Terra) até que consiga descobrir como exatamente ela morreu, e porquê. Ela consegue observar as pessoas vivas e consegue, também, voltar ao próprio passado para, como espectadora, ver como vivia. Ela não se lembra de muitas coisas, então essas "viagens" ao passado a ajudam a montar o quebra-cabeças da sua história de vida e morte.

Moral da história: por vezes, somos muito ruins com os outros, e nem sequer nos damos conta disso. 

Como não poderia deixar de ser, relacionei tudo isso a um aspecto da minha vida: eu não perdoei. Tenho plena consciência de que algumas coisas na minha vida continuam dando errado porque eu não me desapeguei totalmente de algo/alguém que realmente me fez mal. Sinto que esta situação/pessoa precisa ficar ligada à mim porque me deve isso, depois de todo o mal que me fez passar. Egoísmo sim. Mas não posso evitar, confesso.

Sim, eu sei que é errado. Sim, eu sei que preciso deixar ir. Sim, eu sei que só depende de mim. Sim, eu sei muitas coisas.

Mas a teoria é mais fácil do que a prática, e certos machucados ficam sangrando por muito tempo  (para sempre?) apenas para nos lembrar que estão lá, e para nos impedir de correr o mesmo risco outra vez.

Se me faz mal? Sim. Muito. Só que ainda não consegui trabalhar essa parte em mim. Acho que se eu morresse hoje, ficaria como a moça do livro, vagando por aqui, procurando peças do meu quebra-cabeças, cuja imagem final eu não faço ideia de qual seria. 

Preciso melhorar. Talvez eu consiga. Ou talvez eu leve para a próxima vida. Por enquanto, continuo lendo.

Qualificação: 3 ou 2 estrelas, a depende das convicções do leitor
Nível de recomendação: faz pensar.


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